Wednesday, January 25, 2006

Espaço Glauco Pinto - Passo Fundo

Espaço Glauco Pinto seleciona artistas
Encontra-se na Secretaria de Cultura de Pelotas (Praça Coronel Pedro Osório, esquina Lobo da Costa), cópia do Edital/ 2005 e da ficha de inscrição para artistas interessados em expor seus trabalhos em julho de 2006, no espaço Glauco Pinto de Morais, do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider, da Universidade de Passo Fundo.
O Edital e a ficha de inscrição também podem ser acessados pelo site: www.upf.br/mavrs.
Os interessados também podem procurar pelo edital e ficha de inscrição na Secult de segunda a quinta –feira, das 14h30min às 17h30min, e nas sextas-feiras, das 9h30min às 12h30min.
Data: 24/01/2006
Hora: 15:07
Redator: Secom

Saturday, January 21, 2006

A exposição Tarsila do Amaral


A exposição Tarsila do Amaral - O nascimento do modernismo no Brasil inaugurada dia 15 de dezembro ficará aberta até 20 de fevereiro de 2006, na Maison de l’Amérique Latine, em Paris. É a primeira exposição individual da obra da artista desde 1926.
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São mais de 40 obras distribuídas entre 15 pinturas, 21 desenhos e nove documentos dos períodos de Paris (1923), Pau-brasil (1924 a 1927) e Antropofagia (1928 a 1929).



Além das obras, provenientes de instituições públicas e de coleções particulares brasileiras, também compõem a exposição trabalhos de artistas franceses que conviveram com Tarsila nos anos 20, como Albert Gleizes, Georges Valmier e André Lhote. E, ainda, um painel biográfico de textos, fotos e reproduções de obras criando uma linha do tempo.

Catálogo - Durante a inauguração da exposição foi lançado catálogo bilíngüe francês/português, com textos dos curadores Paulo Herkenhoff, diretor do Museu Nacional de Belas Artes; Brigitte Hedel-Samson, diretora do Museu Fernand Léger; Jean-François Chougnet, do Comissariado Francês do Ano do Brasil na França; Elza Ajzenberg, diretora do MAC/USP; e uma breve biografia de Tarsila, escrita por Tarsila do Amaral, sua sobrinha-neta e homônima.


Tarsila do Amaral - Nasceu em 1º de setembro de 1886, na Fazenda São Bernardo, em Capivari (SP). De família rica, teve uma bela infância, morando em fazenda, crescendo entre bichos e plantas, um cotidiano de menina rica: tudo o que sua família usava - roupas e utensílios – vinha diretamente da Europa. Cresceu aristocrática em meio a paisagens simples e gente humilde.

Seu amor à arte iniciou com a família, em saraus domésticos em que a mãe tocava piano e o pai lia poemas em francês. Aos 16 anos foi estudar em Barcelona, na Espanha, onde literatura e desenhos passaram a fazer parte de sua vida. Voltou para o Brasil em 1906, a fim de casar-se com o marido que sua família escolhera. União que se revelou infeliz dada a diferença cultural gritante entre os cônjuges. Do casamento fracassado – mais tarde anulado - teve uma filha: Dulce.



Uma decidida Tarsila agora se esforçava para seguir a vocação para a pintura. No início de seus estudos artísticos, com os escultores Zadig e Mantovani, e com o pintor Pedro Alexandrino, não havia ainda os sinais do que ela viria a ser. Eram somente naturezas mortas e paisagens, ainda muito distantes de seu surto criativo em outros momentos.

Depois disso, fez uma rápida passagem entre os impressionistas e, em 1920, seguiu para a França, onde freqüentou a Academia Julian, e o atelier do retratista Émile Renard. Algumas de suas pinturas desse período apontam influências de Renard, então um artista da moda: tons de cor desmaiados, com predomínio do azul. Esses também muito distantes da arte que ela viria a construir, mas já se pode verificar nessas telas a promessa do que viria futuramente sob as formas simplificadas e a iluminação particular.

Em 1922, estava expondo no Salão dos Artistas Franceses, em Paris. Ano em que pintou A Espanhola (Paquita). Retorna ao Brasil no Massilia, navio de luxo, quatro meses depois da efervescência da Semana de Arte Moderna. A amiga e também pintora Anita Malfatti a apresenta a amigos intelectuais vanguardistas e que participam da Revista Klaxon: Oswald, Mário, Menotti Del Picchia, Sérgio Buarque de Holanda, Graça Aranha. Devidamente identificada com o ideário modernista, envolve-se afetiva e artisticamente com os novos amigos. Sua beleza física impressionava a todos nos salões elegantes e nos círculos intelectuais.

Com Oswald, Menotti, Mário de Andrade e Anita Malfatti compõe o chamado Grupo dos Cinco, que teve vida curta. No final de 1922, ela decide voltar para Paris, mas havia um Oswald no meio do caminho. Esse homem impetuoso, apaixonado e um mestre da ousadia a seguiu pela Europa e teve com ela mais que um casamento. Fizeram uma parceria intelectual poderosa em que um alimentava a arte do outro.

Em 1923, Tarsila passa a travar contato com mestres cubistas, entre eles Picasso, Fernand Léger e André Lothe. De Léger guardará influências que serão visíveis em muitos dos seus trabalhos. Nesse período, conhece artistas do porte de De Chirico, Stravinsky, André Breton e Blaise Cendrars.

Suas telas estão nitidamente mais cubistas, mas impregnadas de uma brasilidade que se manifesta sobretudo nas cores que o poeta Carlos Drummond de Andrade tão bem definiu: “O amarelo vivo, o rosa violáceo, o azul pureza, o verde cantante”. (Ao lado a tela Urutu, 1928)




Em 1924, depois de uma viagem feita com Oswald e Blaise Cendrars às cidades históricas de Minas Gerais, iniciou uma pintura definida como de cores ditas 'caipiras', rosas e azuis, as flores de baú, a estilização geométrica das frutas e plantas tropicais, dos caboclos e negros, da melancolia das cidadezinhas, tudo isso enquadrado na solidez da construção cubista. É a fase Pau-Brasil registrando cidades, paisagens e tipos comoventemente brasileiros.


Em 1928, casada há aproximadamente dois anos com Oswald de Andrade, decide dar ao marido um inusitado presente de aniversário: pintar um quadro “que assustasse o Oswald, uma coisa que ele não esperasse”.

Nasce então o famoso Abaporu, figura monstruosa de cabeça pequena, braço fino e pernas enormes, tendo ao lado um cactus cuja flor dá a impressão de ser um sol.

Ao ver tal imagem, de fato Oswald se assusta. Acha a composição magnífica, extraordinária, selvagem: “Uma coisa do mato”.

Tarsila morreu em 17 de janeiro de 1973, aos 86 anos, deixando pouco mais de duas centenas de quadros, alguns desenhos e esculturas. É relativamente pouco, mas fundamental para uma busca que prossegue até hoje: a consolidação de uma pintura nacional.

Caetano Veloso & Lula

O cantor e compositor Caetano Veloso está surpreso com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Caetano diz que não apostou no sucesso, mas considera o desempenho aquém das poucas expectativas. Ele afirma acreditar que as eleições de outubro mudarão os titulares do poder. Caetano poupa o ministro da Cultura, Gilberto Gil, companheiro de mais de quatro décadas, mas acha que o tom do diálogo com os produtores de cultura e entretenimento precisa mudar. "Não fica bem, sendo parte de um governo que toca a política econômica do ministro Antonio Palocci (Fazenda), falar no tom do Stédile (João Pedro Stédile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)", disse, em entrevista por e-mail, publicada na edição desta quarta-feira de O Estado.

Com 40 anos de carreira, o cantor e compositor afirma que a atividade dele independe da administração federal, mas tem uma história de manifestar as discordâncias. Começou em 1986, quando o então ministro da Cultura da gestão do presidente José Sarney, Celso Furtado, proibiu o filme "Je Vous Salue, Marie". No caso de Gil, acompanha o trabalho no ministério mais por causa da antiga amizade entre eles e também porque "as bravatas de esquerda migraram da economia para a cultura". "Aí, a gente fica mais solicitado." A seguir, os principais pontos da entrevista:

MINISTÉRIO DA CULTURA
"Não acompanho muito. Recentemente, senti-me no dever de comentar a resposta dada a Ferreira Gullar (poeta) pelo assessor do ministro (Sérgio Sá Leitão). Faz tempo, dei palpite na discussão entre Cacá Diegues (cineasta) e os redatores do projeto da Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual). Nos dois casos, estava contra a posição do ministério. Observo mais por ser amigo de Gil. As questões de financiamento de produção de cinema são complicadas. Mas há argumentos de ordem geral que reaparecem no Ministério da Cultura do governo Lula que eu me sinto instado a discutir. Embora eu não tivesse torcido para Gil aceitar o convite, a simples presença dele dá visibilidade e peso ao ministério, nacional e internacionalmente. Gil usa isso para atualizar o Brasil nos problemas de novas mídias, na busca de novos caminhos jurídicos para os direitos na era da reprodução digital."

DIÁLOGO
"O que precisa mudar é o tom do diálogo com as classes produtoras de arte/entretenimento, com a opinião pública. Não fica bem, sendo parte de um governo que toca a política econômica de Palocci, falar no tom do Stédile. Isso pode mudar. Eu não vejo por que alimentar essa demagogia da descentralização na produção de cinema. Muito menos a idéia de que se deve partir de um desmonte dos quadros que conseguiram se estabelecer."

BRIGAS
"Briguei com Celso Furtado por causa de ´Je Vous Salue, Marie´. Sarney, adulando os padres, proibiu o filme de Jean-Luc Godard. Furtado, ministro da Cultura de Sarney, reagiu aos protestos contra essa proibição - principalmente meus -, desqualificando Godard como artista: ´É um falso gênio´, disse do diretor. Achei inaceitável e disse isso por escrito na imprensa. (Paulo Sérgio) Rouanet deu nome à lei que gera tanta discussão, mas serviu - e serve - para animar muitas áreas de produção de cinema e teatro. (Francisco) Weffort era um petista que ficou muito apagado no governo Fernando Henrique Cardoso, sobretudo pelo próprio Fernando Henrique, que tinha muito mais pinta de ministro da Cultura do que ele. As decisões sobre a Lei do Audiovisual se deram na era FHC, se não me engano. Mas a gente pensa em FHC, não em Weffort. Agora, olho um pouco mais porque Gil é Gil. Não haja dúvida, as bravatas de esquerda migraram da economia para a cultura. Aí, a gente fica mais solicitado. Na concórdia ou na discórdia."

EXPECTATIVAS
"É tão óbvio hoje que errou quem apostou no sucesso do PT que eu já começo a duvidar. Sou um sebastianista. O fato de Lula ser uma figura de peso internacional me interessa porque ele é brasileiro. O fato de ele ser de esquerda foi apenas um instrumento para se atingir isso. Não sou idiota. Não acredito na volta de d. Sebastião nem na respeitabilidade real de Lula no grande mundo. Mas a mera respeitabilidade ilusória, o sonho de amor dos europeus com esse líder operário sul-americano já é uma novidade importante. Sobretudo quando se pensa que Lula é também um mediador entre (George W.) Bush e (Hugo) Chávez."

ELEIÇÕES
"O que vai mudar com as eleições? Os titulares do poder. Se pudermos ter um governo que aproveite o que o de Lula significou de bom, será o céu na terra."

CONTRADIÇÕES
"No momento, vivemos uma dupla inversão: um governo de esquerda mantém uma política econômica tipo Consenso de Washington. Esse governo, na cultura, tenta fazer gestos revolucionários. O que leva os artistas, majoritariamente de esquerda, a brigarem por apoio ou oposição a esses gestos. São esboços de gestos demagógicos que atrapalhariam a produção, mas nada é implementado propriamente - e, digo eu, felizmente. O projeto da Ancinav era mesmo dirigista. A turma chiou, uns esquerdofrênicos reagiram, mas Lula esvaziou. Sérgio Sá Leitão respondeu a Gullar em tom autoritário. Gil segurou a onda dele. Mas isso não se sustentou. Espero que o próprio Gil, em harmonia com sua equipe, saiba reconhecer isso e mudar de atitude. Para que não seja o Lula a ter de fazer. Uma notícia sobre a grana do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o cinema faz a gente pensar: nenhum dos produtores que tiveram sucessos nos últimos tempos foi agraciado. Se isso se confirma, certamente, teremos conflito pela frente."

CABO ELEITORAL
"Já fiz duas aparições na televisão anunciando a possível candidatura de Roberto Mangabeira (Unger). Há muito tempo me interesso pelo que ele diz sobre a política no Brasil. Gosto das idéias dele. Gosto da disposição. Ele acredita que há uma forma criativa e independente de tocar a economia sem se submeter às superstições do neoliberalismo. Diferentemente do PSDB e do PT, ele não saiu da Rua Maria Antônia. É um filho de baiana (neto de Otávio Mangabeira) que tem - não entendo por quê - forte sotaque americano: é famoso professor em Harvard. Eu pagaria para ver. O Brasil não pode, simplesmente, desprezar a energia que Mangabeira deseja despender com a solução dos nossos problemas. Quando falam que o vácuo deixado pela decepção com o PT pode ser aproveitado por um aventureiro, eu digo que Mangabeira seria um aventureiro do bem."
(matéria Brasil Cultura)