Monday, May 11, 2009


Filho de colecionadora diz que roubo de quadros nos Jardins foi encomendado
Dois quadros de Portinari e um de Tarsila foram levados no domingo. Polícia vai buscar imagens de câmeras de rua nos Jardins, em São Paulo.

Ardilhes Moreira Do G1, em São Paulo
O artista plástico Cláudio Maksoud, de 53 anos, disse acreditar que o roubo de quatro obras na casa de sua mãe, a colecionadora Ilde Maksoud, foi encomendado. “Levaram os três quadros mais importantes”, disse. A ação ocorreu em uma residência de alto padrão na Rua Estados Unidos, nos Jardins, área nobre da capital paulista. A quadrilha chegou na manhã de domingo (10), dia em que a família se reuniria para o almoço do Dia das Mães. Por volta das 9h, os criminosos simularam uma entrega de flores e tiveram a entrada liberada. “O que me chamou a atenção e vai para o Guinness Book é que entraram 20 pessoas. Minha mãe foi acordada por um homem com metralhadora no quarto”, diz o filho.

Sunday, May 03, 2009

O que significa a palavra GESTALT?
Gestalt é um termo intraduzível do alemão, utilizado para abarcar a teoria da percepção visual baseada na psicologia da forma.
Leis gestaltistas da organização
A Teoria da Gestalt, em suas análises estruturais, descobriu certas leis que regem a percepção humana das formas, facilitando a compreensão das imagens e idéias. Essas leis são nada menos que conclusões sobre o comportamento natural do cérebro, quando age no processo de percepção. Os elementos constitutivos são agrupados de acordo com as características que possuem entre si, como semelhança, proximidade e outras que veremos a seguir. O fato de o cérebro agir em concordância com os princípios Gestálticos já poderia ser considerado a evidência fundamental de que a Lei da Pregnância é verdadeira. São estas, resumidamente, as Leis da Gestalt:
SEMELHANÇA: Ou "similaridade", possivelmente a lei mais óbvia, que define que os objetos similares tendem a se agrupar. A similaridade pode acontecer na cor dos objetos, na textura e na sensação de massa dos elementos. Estas características podem ser exploradas quando desejamos criar relações ou agrupar elementos na composição de uma figura. Por outro lado, o mau uso da similaridade pode dificultar a percepção visual como, por exemplo, o uso de texturas semelhantes em elementos do "fundo" e em elementos do primeiro plano.
PROXIMIDADE: Os elementos são agrupados de acordo com a distância a que se encontram uns dos outros. Logicamente, elementos que estão mais perto de outros numa região tendem a ser percebidos como um grupo, mais do que se estiverem distante de seus similares.
BOA CONTINUIDADE: Está relacionada à coincidência de direções, ou alinhamento, das formas dispostas. Se vários elementos de um quadro apontam para o mesmo canto, por exemplo, o resultado final "fluirá" mais naturalmente. Isso logicamente facilita a compreensão. Os elementos harmônicos produzem um conjunto harmônico. O conceito de boa continuidade está ligado ao alinhamento, pois dois elementos alinhados passam a impressão de estarem relacionados.
PREGNÂNCIA: A mais importante de todas, possivelmente, ou pelo menos a mais sintética. Diz que todas as formas tendem a ser percebidas em seu caráter mais simples: uma espada e um escudo podem tornar-se uma reta e um círculo, e um homem pode ser um aglomerado de formas geométricas. É o princípio da simplificação natural da percepção. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada: desta forma, a parte mais facilmente compreendida em um desenho é a mais regular, que requer menos simplificação.
CLAUSURA: Ou "fechamento", o princípio de que a boa forma se completa, se fecha sobre si mesma, formando uma figura delimitada. O conceito de clausura relaciona-se ao fechamento visual, como se completássemos visualmente um objeto incompleto. Ocorre geralmente quando o desenho do elemento sugere alguma extensão lógica, como um arco de quase 360º sugere um círculo.
EXPERIÊNCIA PASSADA: Esta última relaciona-se com o pensamento pré-Gestáltico, que via nas associações o processo fundamental da percepção da forma. A associação aqui, sim, é imprescindível, pois certas formas só podem ser compreendidas se já a conhecermos, ou se tivermos consciência prévia de sua existência. Da mesma forma, a experiência passada favorece a compreensão metonímica: se já tivermos visto a forma inteira de um elemento, ao visualizarmos somente uma parte dele reproduziremos esta forma inteira na memória.
Análise das imagens
Para se fazer uma análise sintática de uma imagem, é preciso, necessariamente, identificar os principais elementos da composição. E tratar a imagem não como a semiótica, que faz a análise da ligação e significado das partes que a compõem, mas sim do ponto de vista da percepção do olho humano, do modo de estruturar naturalmente os seus elementos gráficos em nossa mente. Foi justamente para estudar essa percepção que se desenvolveu a Teoria da Gestalt. Propõe essa teoria, entre outras regras, que o cérebro humano tende automaticamente a desmembrar a imagem em diferentes partes, organizá-las de acordo com semelhanças de forma, tamanho, cor, textura etc., que por sua vez serão reagrupadas de novo num conjunto gráfico que possibilita a compreensão do significado exposto. A Gestalt estabelece sete relações através das quais as partes da imagem são agrupadas na percepção visual: proximidade, semelhança, direção, pregnância, boa continuidade, fechamento e experiência passada. Esse dom natural de "arrumar" as informações passadas em seu cérebro possibilita ao homem assimilar esses dados com maior facilidade e rapidez. Na Arte figurativa, em geral, a preocupação na organização e disposição dos elementos ultiliza-se dos mesmos princípios posteriormente estudados pela Gestalt, desde os estudos de Leonardo Da Vinci e Alberti sobre a perspectiva e a hierarquização dos componentes, podendo os valorizar, dar-lhes destaque ou relegando-os a segundo plano, tendo como resultado na obra final um papel principal e destacado, logo percebido pelo espectador, ou secundário no entendimento da cena. Em Gestalt, explicamos esse "fenômeno da percepção" através da decomposição e imediata recomposição das partes em relação ao todo. Não é muito diferente com a imagem comunicativa. Os mesmos elementos da figura artística se aplicam à comunicação visual, inclusive a retórica. Uma imagem é capaz de ter a mesma eloqüência que um discurso falado ou mesmo que um livro. Tudo depende da ordem e da intensidade em que são organizados: a sua configuração ou Gestalt. Seja texto ou imagem, estamos lidando com discursos da propaganda, e daí devemos perseguir sempre os elementos fundamentais desses objetos de análise..
créditos:
http://mundovampyr.spaces.live.com/blog/cns!5D46570095BCB829!411.entry
Também:
A Psicologia da forma, Psicologia da Gestalt, Gestaltismo ou simplesmente Gestalt é uma teoria da psicologia que considera os fenômenos psicológicos como um conjunto autônomo, indivisível e articulado na sua configuração, organização e lei interna. A teoria foi criada pelos psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Kurt Kurt Koffka (1886-1940), nos princípios do século XX. Funda-se na idéia de que o todo é mais do que a simples soma de suas partes.

Wednesday, January 21, 2009

Regras éticas e estéticas na criação de arte
RUBENS PILEGGI SÁ
Pensar na criação artística como um evento de fluxos, processos e continuidades onde a "obra de arte" seja apenas um instante de uma força motriz em eterno movimento e, principalmente, sem abandonar a questão ética e estética do foco, fazendo com que poética e política sejam indissociáveis, continua sendo um dos assuntos mais pungentes e urgentes sobre arte, desde o advento do modernismo, mais ou menos no final do século 18.
Quando se questiona noções como autoria, genialidade, originalidade, criatividade, tentando pensar a poética a partir de outras configurações como a criação coletiva, interfaces entre arte e vida - onde uma e outra se nutrem, confundem e se misturam - e direitos e propriedades, de modo geral, o que se pretende, de fato, é ampliar as possibilidades de criação além do que espera o bom gosto oficial e do que já está formatado como padrão para se pensar a arte em nossos dias.
Assim, não só a feitura da imagem passa a pertencer a um mundo onde tudo pode se transformar em arte, como também o próprio ato de realizar algo passa a ser um evento artístico, também. Por exemplo, incluindo espaços onde não se pensava poder abrigar arte, antes. Ou, com materiais perecíveis, recicláveis. Ou, até mesmo, com o próprio corpo.
Mais, fundindo e hibidrizando linguagens, onde os limites do que é pintura, escultura, desenho, teatro, dança, vídeo, etc. não sejam mais estanques, mas complementares. E, até, onde texto e ação se fundam, imagem e palavra se confundam. A arte já não é somente para "representar" o mundo, mas significá-lo, também. E hoje vivemos com tanta informação e material disponível que se torna tarefa indispensável manter-se atento ao tipo de trabalho que se pretende desenvolver, ainda mais quando se procura atravessar as brechas, vãos e rachaduras que nossa "sociedade de espetáculo" acaba proporcionando. Ou seja, cada vez mais a arte se transforma em "cosa mentale", como já dizia o renascentista da Vinci.
Com tanto material disponível, era de se esperar que uma hora aquela idéia que tínhamos de gênio, de originalidade, de esperança no novo, no moderno, fosse se esgotar. E, então era preciso reciclar as idéias para manter viva a chama da criação.
A colagem, já disse a crítica Rosalind Krauss, inaugura um pensamento onde a arte passa a trabalhar com vários materiais distintos à disposição do artista. E, a partir daí a idéia de colagem se amplia até o ponto de misturar não somente materiais, mas, qualquer forma com outra. Seja no nível das linguagens, seja um rato com uma orelha nas costas, como as recentes pesquisas no campo da genética. O que parecia somente uma brincadeira dadaísta do começo do século passado, tornou-se uma sombria profecia contemporânea.
Quando falamos em plágio, roubo de idéias, imitação, cópia, por exemplo, não queremos dizer, com isso, que tudo está liberado ao bel prazer de quem quiser se apropriar do trabalho alheio, mas de que esta é uma possibilidade de trazer para o mundo da arte e das idéias algo mais que um simples golpe comercial que se tornou regra no mercado. A cópia deslavada do trabalho e da pesquisa alheia.
Talvez, em arte, por uma questão de formação cultural, esse tipo de mecanismo se torna até mais grosseiro, porque se espera do artista alguma envergadura moral e senso crítico de seu trabalho. E, para não confundir o público, mostrando como exótico algo retirado de seu contexto e, vendido como arte em galerias, exposições e museus, por exemplo. Tirar uma árvore da mata e expor suas raízes em uma vitrine, como raridade, pode tornar seu autor com a fama de esperto, mas nunca um artista capaz de pensar sua época. Ainda estamos em tempos onde o marxismo é fundamental para entender o capitalismo e, somado ao enorme desperdício dos recursos naturais, isso de ser contra a própria criação, como se ela também não fosse o "deus ex machina", um golpe de teatro.
Rubens Pileggi Sá é artista, escreve na Folha de Londrina e publicou o livro Alfabeto Visual, a venda na Livraria do CANAL.