Friday, February 17, 2006

Cartunistas da América do Sul

UOL


de 21/1 a 26/2
Caixa Cultural - Edifício Sé (SP)
entrada franca
A mostra apresenta trabalhos de 25 artistas sul-americanos. Entre os brasileiros, estão Angeli, Chico Caruso, Jaguar, Laerte, Lan, Miguel Paiva, Millôr, Veríssimo e Ziraldo. Além disso, há trabalhos de Maitena (Argentina), Jimmy Scott (Chile), Casartelli (Paraguai), Arotxa (Uruguai), Pancho Cajás (Equador) e outros. Horários: terça a domingo das 9h às 21h. A Caixa Cultural fica na Praça da Sé, 111. Informações: (11) 3107-0498.

Tuesday, February 14, 2006

Seminário debate
ligação entre cultura e poder


Assunto foi debatido em evento em Florianópolis


Carlos Pereira

Florianópolis - A influência financeira nas articulações culturais, a ideologia escondida na disposição das obras em uma exposição e a mobilidade de uma mostra de arte foram alguns dos pontos discutidos na última mesa-redonda do seminário promovido pelo Museu Vítor Meireles na semana passada, na Capital. Entre os participantes, Paulo Reis, curador independente paranaense; Regina Melin, artista plástica e professora; Yiftah Peled, artista plástico e professor; e João Edmundo Bohn Neto, arquiteto.
Paulo Reis, organizador do Panorama Brasileiro da Arte Contemporânea, fez a intervenção mais crítica. Para ele, há uma articulação cada vez mais estreita e perigosa entre cultura, política e poder financeiro. "O que move as exposições hoje?", questiona, relacionando uma série de "maus" exemplos que comprovariam a influência do capital na definição de vários projetos. Entre eles, a demissão do diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), Ivo Mesquita, abrindo espaço para a captação de "grandes eventos internacionais", como argumentou a direção da instituição na época.
A disputa financeira que se travou em 2001 entre os organizadores da exposição dos 500 anos de descobrimento do Brasil e da Bienal Internacional de São Paulo terminou com derrota para a última, que acabou sendo transferida para este ano. "Nosso desafio é encontrar maneiras ousadas de gerenciar questões como formação de acervo, organização de mostras, entre outros, alcançando resultados sólidos", argumenta ele.
Regina Melin e Yiftah Peled direcionaram suas participações para o espaço dentro dos museus. Regina abordou a mobilidade da exposição, que não deve ficar apenas centrada na própria obra exposta, mas pode ser ampliada para outros "locais" como o catálogo, que também garante o registro e a conservação do trabalho. "A obra não pode ser vista como algo isolado, devendo-se levar em conta também o seu entorno", afirma. Como exemplo, citou o Projeto Artecidade, desenvolvido na periferia de São Paulo este ano, com os artistas montando os trabalhos na rua.
Peled abordou a disposição que os trabalhos têm em uma mostra e a ideologia que isso pode transmitir. "As representações são formações, mas também podem ser deformações", diz. Ele se utilizou de vários slides para exemplificar sua teoria. Segundo o artista e professor, muitos museus estão começando a recolocar o acervo sob novas perspectivas. "O curador tem um papel importante dentro deste processo", afirma.
Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB)/SC), Edmundo Bohn Neto atentou para a necessidade da arquitetura atender as necessidades existenciais do indivíduo. "Para se projetar espaço público é preciso ter sensibilidade para imaginar o resultado nas outras pessoas", observa.

Escola para Restaurador

Para suprir falta de profissionais especializados, SC quer montar curso em nível técnico
Carla Pessotto
Florianópolis - A conclusão da restauração do Museu Histórico de Santa Catarina ­ Palácio Cruz e Sousa, instalado no Capital, está suspensa por tempo indeterminado. O trabalho somente será feito quando forem captados os R$ 650 mil necessários para a realização de um curso em nível técnico para restauradores de pintura mural, justamente a próxima etapa do processo de recuperação do prédio histórico. "A formatação dos dois objetivos em um só projeto é uma opção lógica", afirma Andrea Marques Dal Grande, administradora do museu.Pela proposta, o curso irá reunir importantes especialistas nacionais nas diferentes fases do processo de restauração, como química e reboco, entre outros. "Com isso, teremos know how para a realização do trabalho, ao mesmo tempo que haverá a formação de mão-de-obra especializada, uma carência hoje no Estado", diz.Conforme Andrea, a participação destes profissionais é imprescindível para as inevitáveis discussões de casos que irão surgir durante o processo, em função da complexidade do trabalho. Isso porque, conforme ela, a pintura mural do Palácio Cruz e Sousa "é um frankenstein", por causa das sucessivas intervenções no original, datado do século 18.A proposta não recebeu a chancela do Conselho Estadual de Cultura (CEC), em função do excesso de projetos da Fundação Catarinense de Cultura (FCC) aprovados este ano para receber recursos do Fundo da área. São dois caminhos programados: apresentação para inclusão na Lei Rouanet no segundo semestre na categoria mecenato. Se não for aprovado, será apresentada novamente na lei estadual no primeiro semestre de 2003, para a captação de recursos do Fundo. "Espero que no próximo ano esse problema esteja resolvido", diz Andrea.Com a garantia do dinheiro, além da finalização do processo de recuperação do museu, será iniciado um processo que pode acabar com a carência de profissionais preparados para trabalhos similares. "A falta de pessoal especializado em processos de restauro e conservação resulta, às vezes, em verdadeiros crimes contra o patrimônio histórico do Estado", afirma Andrea. "A não-regulamentação da profissão permite que muita gente sem nenhum conhecimento técnico atue na área, danificando obras importantes", concorda Cláudia Philippi Scharf, presidente da Associação Catarinense dos Conservadores e Restauradores de Bens Culturais (ACCR).A dimensão do problema pode ser medida a partir de um exemplo recente, o incêndio criminoso que atingiu as imagens de Nossa Senhora das Dores e de Nosso Senhor dos Passos e Senhor Morto, da Paróquia Senhor Bom Jesus dos Aflitos, em Porto Belo. O artista sacro Osvaldo Zanini não teria, na opinião de Cláudia, qualificação técnica para o trabalho, e o resultado disso é que as peças que datam do século 18 já apresentam craquelê, uma descamação da pintura feita na recuperação. Artista sacro, Zanini se defende, afirmando que o trabalho feito não foi de restauração. "Eu fiz as peças novamente. Recebi a encomenda de sete imagens, sendo que de uma delas só havia restado um par de olhos de vidro", afirmou na época. A procura cada vez maior por informações fez com que a associação organizasse um folheto básico sobre o assunto, com orientações sobre conservação. "Também estamos montando um cadastro com os cerca de 80 membros da ACCR, com as especialidades de trabalho, para orientar quem procura pelo serviço de restauro e conservação", diz Cláudia. "É uma forma de coibir a atividade de quem não está preparado."Além da sugestão de nomes pela entidade, os proprietários de bens culturais ou históricos podem recorrer ao Atecor, ateliê de restauração da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), que funciona no prédio do Centro Integrado de Cultura (CIC), na Capital. O Atecor, por exemplo, é responsável pelo restauro e conservação de todas as peças do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc), que conta com um acervo de 1,4 mil obras.
ONDE ENCONTRAR
Associação Catarinense de Conservadores e Restauradores, av. Mauro Ramos, 1.264, Florianópolis, tel.: (48) 224-0890
Atecor - Ateliê de Conservação e Restauro da FCC, av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis, tel.: (48) 333-2166.